Quando eu era pequena, lá em casa não tínhamos o hábito de receber mesada do meu pai. Nem mesada, nem semanada, nada! Lembro-me que começamos a lidar com dinheiro nosso nas séries maiores, no ginásio (hoje ensino fundamental maior). Foi por esse período que começamos a não mais levar lanche de casa todos os dias e, sim, dinheiro para comprarmos lanche na cantina da escola.
Eu, econômica desde sempre, fui tendo minhas primeiras experiências sobre como poupar. Como disse, esse dinheiro era o que recebíamos de meu pai. Como não tinha mesada e a grana não sobrava lá em casa, se precisasse de alguma coisa a mais para o final de semana, por exemplo, sabia que tinha que economizar. E como é que eu fazia? Simples. Estudava pela manhã e toma café antes de sair de casa por volta das 6h, 6h30. Chegava antes das 12h. Dava muito bem pra segurar a fome sem precisar, necessariamente, lanchar todos os dias na cantina do colégio.
Quando chegava o final de semana, sempre tinha um dinheirinho para ir ao cinema, passear no shopping ou mesmo comprar alguma coisa que estivesse querendo. Mesmo quando não tinha o valor todo para a compra, já dava para negociar uma parte com meu pai. E assim fui economizando até os 18 anos, quando comecei a trabalhar e passei a ter meu salário.
Ensinar as crianças a lidar com o dinheiro nos dias de hoje, de uma sociedade de consumo tão desenfreado, desde as primeiras idades, é uma missão a mais para nós mães e pais. E o melhor e o mais prático é ensinar a partir de situações reais. Afinal de contas, o dinheiro está tão presente em nossas ações diárias que não é difícil encontrar situações em que possamos mostrar às crianças, desde muito pequenas, como lidar com o dinheiro.
Elas nos veem fazendo compras, usando dinheiro, cartão de crédito, ouvem-nos falar em receber salário, o que vai dar pra comprar ou não esse mês. Essa é uma ótima oportunidade de mostrarmos a ela o dinheiro, para que serve, de onde vem e como se deve usá-lo. As crianças mais velhas já podem ser mais ativas nesse processo de planejamento financeiro da família, opinando e ajudando em algumas decisões que envolvam dinheiro, como escolha de onde a família irá passar as férias, o custo disso para o orçamento, também na compra de objetos que a família esteja necessitando, entre outros.
Educação financeira
Algumas escolas estão até incluindo no conteúdo programático a disciplina educação financeira desde as primeiras séries. Isso também é muito importante. Lembro que no 2º ano a turminha da minha filha na escola montou um supermercado onde eles se revezavam no papel de consumidores, funcionários e proprietários e na prática puderam ter uma noção do quanto custa os alimentos. Na época, Bia ficava me perguntando o quanto custava cada produto que eles estavam colocando no supermercado deles.
Com certeza que a prática faz com o que o aprendizado fixe mais na cabecinha deles. Aqui em casa temos o hábito de sempre conversar abertamente sobre nossas finanças. Quando elas pedem alguma coisa e no momento não dá para comprar, sentamos, explicamos o quanto o que elas querem custa, porque no momento não podemos adquirir, se for o caso apresentamos alternativas ou mesmo um plano sobre como fazer pra conseguir. Tem dado certo essa técnica.
Especialistas dizem que esse tipo de aprendizado é muito importante. Um dos exemplos é quando da compra de presentes para as crianças. Nesse caso, devemos mostrar a elas que eles custaram dinheiro e que o dinheiro não é ilimitado. Mesmo as famílias mais abastadas devem evitar presentear seus filhos indiscriminadamente, ensinando-os a serem comedidos e a valorizarem e usufruírem o que ganham. Resistir ao “eu quero”, e ao “me dá” é uma excelente forma de causar pequenas frustrações, consideradas adequadas para o desenvolvimento infantil, e muito importantes na construção de limites.
Solidariedade
Por meio do dinheiro, realizamos doações, ações voluntárias e de solidariedade. Tais ações, mostradas às crianças, tendem a desenvolver nelas os sentimentos de cooperação e de ajuda aos mais necessitados. Lá na igreja temos sempre, todos os anos, momentos que as crianças podem participar colaborando financeiramente com famílias de missionários que estão em outros estados e países. E elas conhecem e se envolvem com as histórias, o que resulta em mais um aprendizado de sobre como é bom usar o dinheiro para ajudar outras pessoas.
Mas, acima de tudo, é o nosso exemplo enquanto pais que vai ajudar a nortear as crianças a aprender a lidar com dinheiro, de forma consciente e com critérios.
Beijo
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Com informações do Departamento Científico de Saúde Escolar da SBP