Educar filho só é fácil quando é dos outros. Às vezes olhando a criação nas famílias alheias parece ser tão simples (especialmente quando não se tem filhos), mas quando somos nós que estamos na pele de mãe e pai a coisa é tãããão diferente. Por isso que a gente diz tanto que ser mãe é pagar a língua. E uma das coisas mais difíceis, pode ter certeza, é saber dizer não.
Cada dia mais a gente tem visto os danos que a falta de alguns “nãos” tem causado. Às vezes fico tão triste quando vejo tantos pequenos tiranos crescendo. Crianças sem limites, pais sem coragem de dizer não. Essa vida da gente anda tão louca que muitas vezes paro para pensar e vejo, em pequenas coisas do dia a dia (meu e de outras pessoas), como muitas vezes está tudo fora da ordem.
Às vezes é muita teoria e prática tão longe disso. É tanto tempo dedicado a “buscar o melhor para nossos filhos, nossa família” e cada vez menos tempo para estar ao lado deles. E com essa escassez de tempo o pouco que resta acaba dando espaço para muita permissividade. Mas será mesmo que o “não” tem tanta importância na criação dos filhos?
Acho que a frase da pesquisadora em desenvolvimento infantil Selma Fraiberg resume bem essa dúvida: “Uma criança sem disciplina é uma criança que não se sente amada”. A disciplina é fundamental para as crianças. Faz parte do seu processo de formação. E o não tem um papel essencial nesse processo. Mas isso não significa que tudo seja assim tão fácil. Muito pelo contrário! Exige muita persistência, paciência, continuidade e firmeza.
Acrescente a essa lista uniformidade de comando. Sabe quando tem um “sim” de um dos pais e um “não” do outro? Aí já sabe, a criança vai levar em conta aquela resposta que foi a mais agradável para ela. Especialistas dizem que não existe idade para começar a disciplinar as crianças, porque disciplina não é castigo, e sim ensinamento. Cada etapa do desenvolvimento exige um conhecimento daquilo que a criança pode ou não fazer. Quando um bebê engatinha na direção de uma mesa de vidro, ou para a sacada, ou para a cozinha, e olha para traz buscando o rosto da mãe ou do pai, ela sabe que de lá virá o comando de que aquilo não é permitido.
Realmente, dizer “não” é uma tarefa difícil. Dúvidas, muitas dúvidas nos cercam nos momentos que precisamos tomar essa decisão. É importante que isso seja decidido entre os pais, sem exageros, mas também sem frouxidão. Bem na base daquele ditado de que “nem tanto ao céu, nem tanto à terra”. E mesmo o “não” deve passar tranquilidade à criança e não temor aos pais. Por isso é importante que essa negativa venha sempre acompanhada de uma explicação do porquê dela.
Dessa forma, a criança pode até não concordar, mas ela terá segurança, a certeza de que tem na figura dos pais um porto seguro e, assim, esse “não” ganha essa característica de ferramenta fundamental no desenvolvimento da criança, sem traumas, sem estresses desnecessários e desgastes na relação. Mas tudo é um processo, nada é fácil. Tudo é uma construção. E que a gente não perca de vista que “não” é também uma (grande) demonstração de amor.
Beijos
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Com informações do Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da SBP