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Channel: Conversinha de Mãe
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E sobre a saúde mental da mulher e mãe, quem fala?

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Comecei a semana lendo a triste notícia sobre a onda de suicídio de donas de casa na Índia, uma média de 61/dia. Aí lembrei que estamos em janeiro, mês da campanha “Janeiro Branco”, com foco na saúde mental, e comecei a pensar em quem está realmente preocupado com a saúde mental das mulheres, das mães e donas de casa. Que a gente sempre viveu no limite (ou até muitas vezes além dele!), isso não é novidade nenhuma. Mas esses dois últimos anos vieram meio que colocar uma pá de cal na já pouca sanidade que nos restava.


A jornada dupla e tripla que já tínhamos conseguiu, por incrível que pareça, se multiplicar. Tendo que, obrigatoriamente, passar mais tempo dentro de casa, só vimos as tarefas delegadas – para não dizer impostas - historicamente a nós do sexo feminino só se avolumarem, agravadas ainda mais pela situação de estresse sanitário e emocional que vivemos nos últimos tempos.


Tivemos que nos virar para dar conta de manter a qualidade do trabalho (ou passar a lidar com a falta dele) agora sendo feito exclusivamente dentro de casa ou quem por ser da linha de frente precisava diariamente se expor ao risco, ao passo que se tentava dar conta, ao mesmo tempo, do serviço de casa, de filhos (para quem os têm), um novo modelo escolar que tivemos que aprender a nos adaptar abruptamente, relacionamentos, lidar com essa nova realidade cercada pelo medo da contaminação, as perdas de pessoas próximas e queridas, a incerteza quanto ao futuro, entre outras tantas coisas.


Em alguns casos, para piorar ainda mais, nesse cenário de pandemia dos últimos dois anos, muitas mulheres se viram obrigadas a estar ainda mais próximas de seus agressores com quem têm que dividir o mesmo teto, passando a sofrer ainda mais com a violência doméstica.


Aí eu me questiono novamente: e quem está preocupado com a saúde mental das mulheres, das mães e das donas de casa? Como conviver e como superar tantas pressões que temos vivido nos últimos temos. Além de todas as questões envolvidas, infelizmente o acesso ao serviço psicológico ainda não é tão acessível a todos.


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres são o grupo mais vulnerável a problemas de saúde mental durante a pandemia da Covid-19. Nesse grupo delicado, concentram-se mães, gestantes e puérperas – essas últimas afetadas ainda mais pelas alterações hormonais, que as deixam mais vulneráveis a quadros de ansiedade e depressão.


A sobrecarga feminina é fato. A carga mental está sobre nós. Sempre que penso nisso me vêm à mente questionamentos simples que mostram como isso é verdade: “Se não dependesse de uma mulher ter ido ao supermercado fazer as compras da sua casa e preparado as refeições, o que você estaria comendo hoje?”. Consegue me responder?


Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou que enquanto 91% das mulheres afirmam fazer tarefas domésticas, apenas 55% dos homens dizem que cuidam do lar. Entre essas atividades estão arrumar e limpar a casa, cozinhar ou preparar alimentos, lavar e passar roupa, lavar louça, cuidar dos filhos ou pessoas idosas da casa, entre outras. E o desequilíbrio dessa balança tem muito a ver com a divisão sexual do trabalho, como sendo o trabalho doméstico uma tarefa essencialmente feminina e o “cuidado com o lar” uma tarefa associada ao amor e ao zelo com a família.


Enquanto isso, temos cada vez mais mulheres extenuadas, sobrecarregadas, doentes, com a saúde mental fragilizada e desenvolvendo problemas como ansiedade e depressão, porque, por mais que façam, nunca conseguirão dar conta de tudo porque é humanamente impossível.


Professores do curso de Medicina e Enfermagem do campus de Três Lagos, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) realizaram no ano passado uma pesquisa que apontou que o desequilíbrio é resultado de um comportamento social resumido no conceito de divisão sexual do trabalho. Ao todo, 822 mulheres de todas as regiões do Brasil responderam ao questionário da pesquisa, com média de idade na faixa dos 37 anos. O levantamento identificou que que 25% das mães tinham sintomas de depressão, 7% sintomas de ansiedade, 23% sintomas de estresse e 39% sintomas de estresse pós-traumático, este último foi considerado uma vez que a pandemia foi um evento que gerou traumas para muitas pessoas.


São dados que só reforçam que há uma necessidade URGENTE de que as demais pessoas da família e amigos deem apoio às mulheres, especialmente as que são mães. Ter rede de apoio é fundamental. Saúde mental é uma prioridade na vida de qualquer pessoa e às mulheres isso não podem negado. E não é aquele apoio verbal como “Ah, pode contar comigo!”, se na hora do “vamos ver” é para a mulher que acaba sobrando dar conta de todas as responsabilidades. 


É necessário, é urgente, é questão de saúde!


O que acham de ampliarmos esse debate em uma live?


Beijos!


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