Lembro bem a cena como era. Bastava chegar alguém lá em casa, que eu corria para me esconder no último quarto da casa. Por mais que meu pai ou minha mãe chamassem, eu não ia. Ficava lá escondidinha até a visita ir embora. Lembro que tem um amigo de meu pai que até hoje quando me encontra lembra desses episódios de quando eu me escondia. Falar com pessoas diferentes na rua, mesmo que que já fossem conhecidas, era outra dificuldade. Sim, desde pequena sempre fui tímida. Hoje um pouco menos, bem verdade, mas ainda sinto dificuldade em interagir com outras.
Essa timidez de crianças não é rara. Seu filho não para nem um minuto dentro de casa: brinca, fala, dá risada e se diverte quase o tempo todo. Mas quando você o leva a um ambiente com pessoas pouco conhecidas, ocorre uma transformação. Ele se fecha, não fala, não responde perguntas e fica claramente desconfortável. Se essa situação é comum para você, então provavelmente você é mãe/pai de filhos tímidos.
A escritora de livros infantis Fabiany Lima, mãe de gêmeas, diz que, nesse caso, o primeiro passo é entender que, na maioria das vezes, isso não é nenhum problema. A timidez não é um defeito, é apenas uma característica que pode ser encontrada em pessoas de todas as idades. Aposto que você conhece adultos tímidos que são felizes e bem-sucedidos, não é? Da mesma forma, seu filho também pode conviver com isso e ter uma ótima vida.
Portanto, o importante é não tentar forçá-lo a ser diferente e evitar ao máximo situações de desconforto. “Muitas vezes temos a impressão de que a criança precisa ser exposta a eventos sociais para deixar a timidez de lado, mas esse tipo de estratégia tem efeito contrário, só irá deixá-la mais retraída. Também não adianta culpá-la ou puni-la por não responder o que foi perguntado ou por não conversar com outros familiares”, disse Fabiany, que é criadora do aplicativo Timokids, que oferece livros e jogos socioeducativos com ilustrações em 3D narrados e legendados em 4 idiomas e que estimula a interação da família.
Ao invés disso, seja um apoio para seu filho. Provavelmente, você é uma das pessoas com quem ele mais fala e se abre. Assim, procure assuntos que sejam do interesse dele e converse ao máximo com ele. Mesmo sem perceber, isso servirá como um “treino” para que ele também dialogue com outras pessoas.
Ela sugere investir também em ferramentas alternativas de comunicação, principalmente se seu filho é introspectivo mesmo com você. Nesse caso, desenhos, jogos, aplicativos ou brinquedos podem servir como um canal de aproximação. Outra dica importante é incentivar a interação com colegas da mesma idade. “É normal que crianças se sintam constrangidas ao conversar com adultos, mas é mais comum que essa resistência seja menor com outras crianças. Assim, não proíba seu filho de ir à casa de amigos e fazer outros programas com colegas. Procure levá-lo a parques e lugares onde ele possa ter essa interação. Mas claro, sem forçar a barra!”, ressaltou Fabiany Lima.
Ainda que não seja comum, lembre-se que a timidez em excesso pode ser um sintoma de algum problema psicológico. Se perceber que as reações são exageradas e não apresentam grandes melhorias, o recomendável é procurar o auxílio de um especialista para checar se realmente há algo de errado e o que pode ser feito.
O importante é aceitar o seu filho como ele é. “Seja um suporte e ajude no que for possível para que ele supere as barreiras sociais, sempre ponderando quais são os limites. A verdade é que crianças tímidas são igualmente encantadoras e podem revelar grandes surpresas com um jeitinho que só elas têm. Ou seja, se preocupe menos e aproveite mais o convívio com elas!”, completou a escritora.
Beijos
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